Quero deixar-te à beira rio, enquanto ouves a nossa música. Apagar o cigarro, fechar a porta e sorrir ainda assim. Escrever durante uma noite inteira, apagar-me durante o dia e sentir o teu cheiro na minha pele. Combinar qualquer coisa em cinco minutos e fugir da cidade que me abraça para a abandonar durante dias a fio. Lançar uma gargalhada, cruzar as mãos, fazer uns brindes, trocar olhares indecentes e concretizar promessas antigas. Ouvir os teus passos, mergulharmos juntos, darmos encontrões até um cair, rir, rir e rir. Rir infinitamente e filosofar sobre as coisas mais ridículas, mas às quais nós damos sentido. E no fim chorarmos juntos, abraçados, eu e tu, na mesma margem, na mesma rua, na mesma noite. Desligar o telefone quando ainda murmuras míseras palavras, quebrar o tempo e fugir aos encontros. Parar no meio da rua e correr para casa, para o meu canto. Sair da história de uma vez por todas e prender-me à força do tempo, do tempo que nunca me atraiçoa.
Apenas porque sei que o tempo é fiel, e tu não.