sábado, 27 de novembro de 2010

Está frio em Lisboa. Mal sinto as pernas e as mãos escondem-se nos bolsos do casaco.Somos tudo, parecemos almas gémeas que se passeiam pelos corredores e pelas ruas Lisboetas. Contudo, somos somente duas almas que se passeiam, ora de mão dada ora de braços enrolados um no outro. Tudo o que é a base duma relação, não existe. É uma alma mais outra alma, são duas almas, não duas pessoas numa alma só.

Tenho pena que seja assim. Ironia do destino, rumores de que sou distinta e no fim de contas..nunca é por mal. A mente humana nunca pensa por mal, a razão é simplesmente ser um dado irrelevante em todo o sistema.

É como se fosse uma criança a quem só se conta o que é a Terra e a quem jamais se conta que existe a guerra e a fome, só porque isso iria deixar a criança triste. Talvez seja uma criança...e talvez me devesse contentar em só saber a cor dos sapatos que usas, os teus filmes preferidos e se gostas mais de coca-cola ou de ice-tea.

E acontece sempre o mesmo: as crianças perguntam mais, querem saber mais e crescer...mas são sempre crianças e devem ser tratadas como tal. Até que elas começam descobrir sozinhas que o Pai Natal não existe... e no final, é SO isso que magoa as crianças.

Não é o facto do Pai Natal não existir ou o facto de haver guerra...é a dor de sentir que não são suficientemente fortes para ultrapassar essa notícia.

É um título de fraqueza e ignorância que me atribuis e que não serve para mim. Não sou nenhuma criança...

Estou triste, agora sim, sinto-me fraca e minimizada..

sábado, 19 de setembro de 2009

Tenho tantas saudades tuas. Tenho tantas saudades dos nossos tempos, da nossa partilha, dos nossos sorrisos e das novas gargalhadas, dos nossos cigarros, dos nossos desatinos, das nossas indirectas, das nossas noitadas..

tenho tantas saudades tuas André.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Está quase a chegar o dia em que me deixaste. Está tão perto e eu só quero não durar até lá. Quero morrer agora, aqui, só para nao passar pela dor de saber que já não está cá para mais uma primavera que se avizinha calorenta e ensolarada.

São tudo saudades que me ferem por dentro e que teimam em queimar-me a alma que tanto perservo.

São só saudades pai..

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Não, não quero nem aceito.

Dói-me a cabeça e preciso de repousar. Repousar um, dois ou três minutos ininterruptos, silenciosos e imparciais às falhas do tempo. É mau estar proveniente de cá d dentro, mas que teima em deixar a sau marca com uma dor fina e aguda que me trespassa o corpo, de um lado ao outro, e que não me deixa pensar em mais qualquer mísera coisa.

Dói-me a alma, sinto a ferida, como se o alcool já não permanecesse em mim depois de uma noite bem bebida, como se o cheiro da beata já tivesse desaparecido. Parece que, pouco a pouco, a pele se queima causando um castigo efémero mas prolongado. 

Que sensação que se afigura, aqui e agora, e que não quer passar...que me leva a alma e me queima, lentamente, como cigarros apagados na própria pele, qualquer boa sensação que resta de mim..

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

É a tua vez de pulares do jogo. Não sais discreto, festejas a perda e ris das outras vitórias porque achas que foste feito para reinar. Porém, perdeste isto e tudo o que a isto diz respeito, perdeste e perderás sempre que tentares ser aquilo que não podes ser. Perdeste tu e fizeste tudo mais perder, levas contigo a derrota da fraqueza de alguém que quis ser mas não o foi, de alguém que tentou mas não teve coragem para ir mais além. Não chamo a isso derrota, chamo cobardia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

antagonias

São vícios terríveis, indignos de existirem, proibídos por lei, que ultrapassam as normas. 

São falsas amarguras, tempestades de ódio, rupturas por falhas, são ventos sem norte, são vozes que se tornaram mudas.

São nuas vestidas, cruzamentos dispersos, ruas vazias, barulhos surdos, noites e dias sem ti.

Sentida na certeza de querer mais, calada pela força da razão, presa a ti e ao teu mundo que tanto mal me querer. 

Como tanto te quero deixar como amar eternamente.

Levar dias a fio a teu lado, trancados na nossa perfeita harmonia. Odiar-te e perder-te o rasto, repleto de pobreza de espírito, que tanto me mata. Incrivel como o amor que tenho é puro, o mesmo amor que me atrai e me atraiçoa ao mesmo tempo, fazendo-me morrer por dentro. 

sábado, 10 de janeiro de 2009

Quero deixar-te à beira rio, enquanto ouves a nossa música. Apagar o cigarro, fechar a porta e sorrir ainda assim. Escrever durante uma noite inteira, apagar-me durante o dia e sentir o teu cheiro na minha pele. Combinar qualquer coisa em cinco minutos e fugir da cidade que me abraça para a abandonar durante dias a fio. Lançar uma gargalhada, cruzar as mãos, fazer uns brindes, trocar olhares indecentes e concretizar promessas antigas. Ouvir os teus passos, mergulharmos juntos, darmos encontrões até um cair, rir, rir e rir. Rir infinitamente e filosofar sobre as coisas mais ridículas, mas às quais nós damos sentido. E no fim chorarmos juntos, abraçados, eu e tu, na mesma margem, na mesma rua, na mesma noite. Desligar o telefone quando ainda murmuras míseras palavras, quebrar o tempo e fugir aos encontros. Parar no meio da rua e correr para casa, para o meu canto. Sair da história de uma vez por todas e prender-me à força do tempo, do tempo que nunca me atraiçoa.  

Apenas porque sei que o tempo é fiel, e tu não.